Erva Cidreira
Um dia... gostava de regressar.
Os cheiros a terra molhada, fruta colhida directamente das árvores, flores silvestres, folhas de eucalipto ou carumas espalhadas pelo chão, são dos meus preferidos. Cresci encostada ao Pinhal de Leiria, numa zona em que havia pomares e hortas. A casa dos meus pais é modesta mas sempre teve jardim e quintal. Havia também uma avó que vivia para cultivar a terra e fazê-la produzir coisas boas. Chegámos a ter uma pequena vinha e havia um lagar em casa, as vindimas eram uma alegria. Havia porcos, galinhas e coelhos. Tínhamos a nossa própria lenha para as lareiras e para o forno, e um pomar perto de casa que produzia maçãs e pêras para todo ano e ainda sobravam algumas para vender. Adorava ir com a minha avó fazer as regas, eram uma emoção. O motor bombeava a água do poço para uns "carreirinhos" cavados na terra que conduziam a água ao longo do terreno e a iam acumulando em torno das árvores, porque a minha avó erguia murinhos de terra à volta de todas elas com a ajuda da enxada. Era uma espécie de rega por sulcos. Aprendi a sachar e tudo, aposto que o fazia mal, mas aprendi. :) Morei lá até aos 18 anos e só depois descobri a vida nas cidades. Regressar nunca mais foi o mesmo. Em relativamente poucos anos, essa geração dos avós foi substituída bem como todas estas actividades. Bem, quase todas, que os meus pais apesar de trabalharem fora ainda têm alguns patos, galinhas e colmeias de abelhas. Vão tendo ovos e mel caseiro. Há também árvores de fruto que, apesar de não serem podadas nem tratadas, continuam a produzir ameixas, laranjas amargas, abrunhos, marmelos, limões, nêsperas... só que raramente alguém os colhe. E isto não é discurso saudosista, é o quanto me custa ver esbajados tantos recursos e a possibilidade de uma vida mais saudável e com menos desperdício.
Porque a natureza exuberante e maravilhosa não existe só longe de nós. Não precisamos de ir até às zonas rurais de Inglaterra (se bem que muitas vezes apeteça) para vermos as quatro estações estampadas nos campos, quando temos um clima tão bom e terrenos tão férteis aqui. Precisamos é de prestar atenção e valorizar mais o que temos. Aliás, esta semana apercebi-me das marcas do Outono mesmo aqui ao lado de casa (no centro de Lisboa). Até trouxe um bocadinho pequenino de Outono para casa. É como digo muitas vezes (e no fundo, é para eu própria não me esquecer): basta abrirmos bem os olhos.
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